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FESTIVAL
SEMENTE:

3ª EDIÇÃO

Que idade tinhas quando primeira árvore te disse para subires? Foi entre esta e outras memórias de infância que, de 18 a 24 de março, no Festival Semente, se construíram novas, (re)aprendendo a brincar, a viver a terra, a estar uns com os outros, e deixando entrar a primavera, a poesia, a arte e a cultura.

 

Iniciativa da PROMOB e da Galeria Olga Santos, o Festival que completou a sua 3ª edição ocupou a vila da Mamarrosa, oferecendo à comunidade e visitantes de todo o país uma feira do livro e da árvore e uma programação cultural diversa.

Apoiado pela Junta da União de Freguesias de Bustos, Troviscal e Mamarrosa, a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, e alguns negócios locais, o evento contou com centenas de pessoas acorrendo ao Salão da Associação de Melhoramentos da Mamarrosa, para comprar plantas, produtos naturais, artesanato e livros, e participar nos diversos ateliers, workshops, palestras e espetáculos promovidos.

O Festival foi inaugurado na segunda-feira, com a abertura da Mostra de Cinema Infantil, “Sementinha”, curada pelo Cineclub Bairrada (Club de Ancas) e, também, com a visita a algumas exposições de arte contemporânea, organizadas pela Galeria Olga Santos, que ocuparam lugares desabitados da vila, terminando a Inauguração com a recitação de poesia de intervenção pelos Jovens Artistas Unidos (grupo de teatro da PROMOB).

Os dias subsequentes trouxeram mais sessões da “Sementinha”, uma ceia poética com leitura e interpretação musical de poemas, e uma conversa livre que juntou Ricardo Regalado e Idália Sá-Chaves e levou a importantes reflexões sobre liberdade, tolerância, individualidade e acolhimento.

 

No sábado, o dia começou com uma Caminhada Literária, que conduziu os participantes a percorrer alguns caminhos da Mamarrosa e a contemplar as suas paisagens, fauna, flora, partilhando poesia e histórias. Houve tempo, ainda, para passar por todas as exposições de arte que o Festival acolheu, reunindo obras de quatro dezenas de artistas nacionais e internacionais.

 

A Caminhada culminou com a abertura da Feira do Livro e da Árvore, que contou com a fantástica e emocionante música do Ensemble de Metais do Conservatório de Música da Bairrada.

 

Durante o dia, muitas foram as atividades promovidas, como a sessão de leitura assistida por animais, dinamizada por Áurea Teixeira, Mafalda Teixeira e Apolo, um cão de Intervenções Assistidas por Animais, a relaxante e sensorial experiência com taças tibetanas com Vera Almeida, passando pelos Jogos do Helder que animavam as famílias no exterior, o workshop de sementeiras orientado pelo Centro Interpretativo da Pateira de Frossos, um momento criativo com flores prensadas e elementos naturais guiado pelo Atelier Marimo, e a entusiástica palestra do Professor João Amado sobre o brinquedo tradicional popular feito por quem brinca.

Ⓒ Fotografias de Daniel Jesus, Daniela Ferreira, Filipa Oliveira, Inês Mota

Ao fim da tarde, convidados de áreas diversas puderam partilhar as suas experiências relativas à temática do brincar e da sua importância no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Um painel de oradores de excelência, moderados pelo extraordinário João Paulo Teles (Jornal da Bairrada), como Ana Cristina Almeida, Doutorada em Psicologia da Educação pela Universidade de Coimbra, João da Silva Amado, Professor Doutor em Ciências da Educação (aposentado) e coordenador da Escola do Brinquedo Tradicional Popular, Maria Manuel Vicetro, Educadora de Infância e fundadora do Colégio da Curia, e Joaquim Carlos Rocha (Jackas), Professor de Expressões Artísticas e cofundador do Grupo “Arlequime do Museu do Brincar.

 

E à noite, Isaque Ferreira (Exemplo Extremo), ofereceu aos presentes um fenomenal serão de poesia que percorreu, através da palavra dita, escritos de diversos autores portugueses, registos sonoros dos mesmos, primeiras edições dos seus trabalhos e ainda alguma da sua correspondência particular.

 

No domingo, a manhã começou com duas atividades para as crianças curiosas. Por um lado, os bebés até aos 3 anos foram embalados e espevitados pela voz da soprano Beatriz Direito, num atelier de música para bébés. Por outro, os mais crescidos tiveram oportunidade de aprender como se faz um livro, com a ajuda da Susana Freitas da Sana Editora.

Mais tarde, lá fora, enquanto as crianças, com a ajuda da Cláudia Afonso, punham as mãos na terra para preparar pequenas bolinhas vivas, feitas de sementes, outro grupo aproveitava, na Adega, os conselhos do Isaque Ferreira, que voltou ao Festival depois do espetáculo de sábado, para guiar uma oficina de escrita ociosa muito curiosa - em vez da escrita, foi o corte e cola o método de produção textual dos participantes.

Ao início da tarde, ouviu-se a história do Feiticeiro e o Segredo das Cores. Através de leitura, meditação e yoga, as autoras Sónia Dias e Patrícia Arede guiaram crianças dos 6 aos 10 anos por um mundo encantado, onde reina a superação, a confiança e o equilíbrio. Lá fora, Cláudia Afonso promovia uma troca de sementes, estacas e plantas, mantendo vivas a tradições da sementeira e da partilha comunitária.

 

E como as brincadeiras de criança são assuntos sérios, a terapeuta da comunicação, Daniela Mota, e a psicóloga, Rosália Coelho, partilharam as suas ideias e conclusões sobre o poder da brincadeira, da escolha, da partilha, na construção da identidade, no desenvolvimento cognitivo e social da criança, na criação da individualidade e da singularidade de cada um, e na preservação da saúde física e mental.

 

Como já vem sendo habitual, Valdemiro Pereira, da Quinta Biológica e Pedagógica – Aidos da Vila, abrilhantou o evento com a sua paixão e entusiasmo pela Semente, inspirando quem o ouviu e visitou, ao partilhar reflexões e a sua extraordinária exposição de Sementes, um riquíssimo património natural.

 

O Festival Semente foi encerrado com cultura, terra, encontro entre pessoas e gerações, brincando - ou não fosse esse o mote desta edição – num workshop de dança folclórica, promovido pelo Rancho São Simão de Mamarrosa, que reuniu o povo e mostrou como fazer uso das raízes que se tem nos calcanhares.

Não podemos deixar de sentir orgulho pelas experiências que o Festival proporcionou, pela arte que cobriu a vila, pela poesia que ecoou pelas ruas e as adegas, pelas partilhas, pelos encontros. E, mais ainda, não podemos deixar de agradecer a todos quantos regaram e nutriram connosco este sonho.

Obrigado... Muito obrigado. E até à próxima Primavera!

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