Steven Marques começou a desenhar muito cedo e assim foi desenvolvendo a sua criatividade e um afeto curioso para com a arte. Pela vertente urbana interessou-se um pouco mais tarde, ao perceber que a rua é um importante meio de comunicação e um “suporte para a interpretação de diferentes linguagens”.
Foi crescendo dentro da arte de forma autodidata, a princípio. Depois, ganhou asas com o aconselhamento e mentoria de diversos artistas que, nas ruas de Barcelona e outras cidades pelo mundo fora, tratam o grafitti por tu, fazendo da urbe a sua tela.
“Percebi que um muro não é só um muro, mas sim algo onde poderia contar uma história que ainda não tinha sido vivida.”
Trocou a Palhaça por Barcelona, e desde então já correu o mundo, absorvendo diversas paisagens, cores, texturas e padrões. Mas, como confessa, a sua inspiração parte sempre da introspeção e do que leva dentro, por isso, não é difícil explicar a escolha de um lugar perto de casa para a sua primeira mostra.
Depois de namorar os traços arquitetónicos da nossa sede como palco-fantasia para uma exposição, deixou-nos Momentum, uma parte da sua obra pelas paredes e um marco realmente inesquecível na nossa história.
Tinha uma posição a defender, num meio não tão habituado a este tipo de temas e linguagens: "a arte urbana não é vandalismo”. E, para isso, usou “uma narrativa que pudesse incluir pessoas de várias gerações e que juntasse, no mesmo espaço, crianças e mentalidades mais antiquadas com uma lata de tinta na mão e um objetivo único, criar algo do nada.”
Ao fazê-lo, proporcionou-nos uma aventura raramente vista por estas paragens, oferecendo vida, cores e histórias, que agora vão conversando e contrastando simpaticamente com as feições únicas dos anos 60 de que é feita a nossa casa.
Depois de nos ter deixado algumas das suas pérolas de criatividade e um punhado de memórias preciosas, planeia, agora, uma outra caça ao tesouro, #trobalatevaflor (encontra a tua flor), pelas ruas de Barcelona. Com ela, propõe apresentar-se – e a 10 peças únicas – à comunidade e envolvê-la de um modo diferente com o espaço que a rodeia.
E não é para isso que serve a arte?
“A arte tem uma enorme importância na minha vida, em parte por ser uma forma de expressão e comunicação, mas também pelo descobrimento pessoal no silêncio de cada pincelada.”
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