Ouvi-lo é como ler um poema. Há muito que o seu caminho se confunde com o da poesia, talvez seja essa a razão. E terá sido também por isso que cruzou o nosso.
Isaque Ferreira, diseur, programador cultural e bibliófilo, chegou-nos na Primavera do ano passado, por ocasião do Festival Semente, havendo já brotado em alguns de nós, há mais tempo, em paragens mais a Norte - a Cidade Invicta.
Trouxe-nos a sua voz expressiva e o campo fértil das letras e metáforas. Com ele percorremos os escritos de diversos poetas, fizemos deles amigos, conhecemos primeiras edições dos seus trabalhos, e espreitámos, até, a intimidade das suas cartas de amor.
Isaque descreve este mergulho profundo no mundo da poesia como algo que no “princípio foi de passagem, nas leituras inerentes ao caminho escolar”, mas que, aos quinze anos, se adensou com “muitos livros, algumas vozes mais avisadas e amigas, algum autodidatismo de permeio”.
De tal forma que, agora, dedica a sua vida a esta “coisa literária a que se convencionou chamar poesia” e a partilhá-la com a comunidade para que cada vez mais pessoas possam senti-la como sua. “Alicia-me engendrar formas de aproximar as pessoas da poesia”, confessa.
Isaque Ferreira no Festival Semente 2024. Fotos de Daniela Ferreira
Por esta paixão tão visível, convidámo-lo a imiscuir-se no Festival Semente e na Mamarrosa, “lugar de permanecer, lugar certo e poético. Feito de espaços, concretos, inefáveis. E muitíssimo feito de pessoas”, considera.
E, desde aí, nunca mais se fecharam as portas e janelas da vila à sua arte. Estará de regresso na edição de 2025 e trará a sua amiga de longa data, a cantautora Mafalda Veiga, com quem partilhará ideias e sementes de poesia.
Mais além, no futuro de Isaque reside apenas uma certeza, um ato simples e essencial: ler.
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