top of page
f2ca4669-fe4e-4dd1-b398-fc97004a5663.jfif

Útero

GLADYS OLIVEIRA
ISABEL FREITAS

SALA

SALA BIBLIOTECA

Este é um lugar partilhado, onde habitam, à disposição de todos, muitos livros. Uma biblioteca também ela construção da comunidade, constituída por ofertas de amigos da associação. 

Uma das grandes aprendizagens do associativismo, tal como de qualquer expressão de vida em comunidade, é a noção de que somos qualquer coisa que depende dos outros, somos qualquer coisa que está entre os outros e que vive com os outros.

A vida em comunidade é um desafio constante. Dividir e partilhar o espaço, a circunstância. Habitar o mesmo lugar que os outros, com os outros, é sem dúvida uma aptidão muito particular e que, neste tempo de individualismo em que vivemos, deve ser respeitada e protegida.

Não se trata só de partilhar o espaço mas, antes, de cuidar dele. Embelezar o espaço. Dar condições para que qualquer coisa lá possa nascer.

Somos sempre os outros e o que fazemos pelos outros. A Cultura é isso mesmo: o ato de cuidar dos outros, dando-lhes o que de melhor temos, o que somos e o que sabemos.  Somos sempre o lugar que os outros ocupam em nós.

Esta casa, este projeto que celebramos são fruto da entrega e dedicação de quem, dando de si, do que é, e do que é seu, recebeu os outros e procurou cuidar deles. Esta solidariedade, esta entrega absoluta, correspondem ao que de mais humanos e grande há em nós.

Como diria Frei Gil:

"-Dei-me totalmente e sem reservas, porque a darmo-nos tem de ser assim. Ou tudo ou nada. As meias coisas são sempre perigosas."

Por este gesto e modo de estar, pelo cuidado com os outros, esta casa nasceu, vai crescer e mais tarde receber quem nela quiser habitar. Esta casa é feita para os outros, para receber os outros, para cuidar dos outros. Esta casa é um ninho, é um livro, é um útero.

Convidamo-vos a esta sala/biblioteca, que muito queremos partilhar com os outros, através da literatura, da cultura, da poesia.

Não poderia ter outro nome, senão este mesmo: Útero - aquele onde cresce o que nasce.

Útero; mas não só. Porque não são necessárias mais explicações, porque todos reconhecemos que a memória constrói o futuro, e a gratidão o consolida. Porque entendemos que é fundamental não esquecer. Porque sabemos o lugar que os outros ocupam naquilo que somos. Esta sala passará a chamar-se: Útero, Gladys Oliveira e Isabel Freitas. Obrigado.

 Bustos, 28 de outubro de 2023

bottom of page